segunda-feira, 30 de março de 2009

Reflexões...



Durante o período de 02 a 06 de março do corrente ano, pudemos vivenciar momentos significativos no II Encontro Estadual do GESTAR II.
À princípio tivemos um encontro – abertura - na Escola Parque com representantes do MEC, UNB e GESTAR-BA objetivando apresentar a Proposta do GESTAR para os novos profissionais da esfera municipal. Também foram tecidos comentários pertinentes à Certificação de formadores (formatação do curso) bem como apresentados os especialistas da Universidade de Brasília.
As demais atividades foram desenvolvidas no IAT-Instituto Anísio Teixeira e, logo de início a proposta inicial foi replanejada tendo em vista a solicitação dos formadores estaduais, ou seja, ao invés de conhecermos o programa, tendo em vista que já estamos nele a alguns anos, trabalhamos com a análise dos AAAs 3,4 e 5. Avalio como produtivo esse momento porquê pudemos além de conhecer o material, recordar conteúdos e abordagens a serem trabalhados.
A proposta de atividade em conjunto com os formadores municipais também foi significativa e nos fez refletir sobre diversos aspectos no que diz respeito à estrutura do programa, as necessidades dos municípios e possíveis parceriais com o estado em termos de orientação. Vale dizer que surgiu uma grande preocupação frente à proposta do GESTAR/esfera municipal. Como já aplicamos todo o programa, sabemos o quanto são importantes as oficinas de Psicopedagogia; a elaboração de um cronograma que atenda às reais necessidade de formadores e cursistas e formatações que norteiem os trabalhos e, a proposta para o município deixa muitas lacunas nesse sentido.
Outro momento valoroso de integração foi a dinâmica com o grupo de matemática rendendo discussões interessantes acerca de variações linguísticas e textos instrucionais.
No último dia, a exibição do filme “Narradores de Javé”, no auditório, remeteu-nos a produtivas reflexões pertinentes à letramento, oralidade, variação linguística, intertextualidades e produção textual. Foi uma excelente escolha.
Para finalizar o encontro foram dadas orientações pertinentes à formação/certificação dos formadores, momento esse no qual foram descritas as atividades a serem feitas por cada formador enquanto cursista junto à UNB.
Em suma, apesar de ter ido para o encontro com expectativas pertinentes à estudos sistematizados acerca dos conteúdos por nós trabalhados nas oficinas, a reorganização dos trabalhos supracitada também colaborou para nosso crescimento profissional.
Vale ressaltar que a postura da mediadora Isabel favoreceu a realização desses momentos de aprendizagem.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Lições para a vida...

"Todos nós somos líderes em potencial e, de alguma maneira, procuramos influenciar o comportamento, os pensamentos e os sentimentos dos que estão à nossa volta." Howard Gardner

"Precisamos aprender a nos motivar com o que a realidade nos oferece. Essa é, aliás, uma grande lição de sabedoria: conseguir manter-se motivado em meio à complexidade do dia-a-dia." Contardo Calligaris, psicanalista





Meus primeiros contatos com a escola foram interessantes. Décima filha de uma professora, o lidar com livros e tarefas era uma constante em minha vida. Morava a menos de dez metros da escola e via, diariamente, alunos indo e vindo, fardados, acompanhados de seus professores. Ficava esperando o meu dia. Aos cinco anos, 1977, iniciei minha vida escolar numa classe de pré-escolar. Sala grande, mesas coletivas e cadeiras pequenas, lembro-me que ficava encantada com tudo: tarefas, professora, recreio.
Após esse período, na mesma escola, 1978, começei a ser alfabetizada pelo método – ALFA. Muitos materiais, recursos, aulas interessantes. Principalmente o material de matemática, era riquíssimo. Carteiras individuais e espaçosas – tipo mesinha, com local para guardar, quase tudo. A professora era dócil e nos encantava ao praticamente desenhar as letras no quadro negro. Lembro-me que ficava tentando chegar àquela perfeição. Apesar de hoje esse método ser considerado tradicional, as recordações que tenho de sua aplicação são positivas. Muita leitura, interpretação e atividades lúdicas. Outra recordação é a de ter feito um “bolo de 1 ovo” para a professora que, ao recebê-lo e elogiar minha iniciativa, solicitou que eu dissesse para a turma como tinha sido preparado. Foi um dia especial.
Mesmo sendo o ALFA um método que trabalhava com silabação, creio que a preocupação do próprio método era desenvolver o raciocínio crítico, lógico e dar um grande enfoque à compreensão da leitura, pois a diversidade de atividades realizadas levava-nos a participar como atores de uma significativa parcela do processo.
Como relatado anteriormente, por ser filha de professora e ter muitos irmãos, meu acesso a livros era grande. Meus pais sempre tinham a preocupação de orientar-nos e facilitar esse convívio. Os filhos mais velhos eram praticamente obrigados a fazerem tarefinhas comigo e contar muitas histórias. Como “caçula” da turma, até para que eu ficasse quieta, um ou outro fazia relato de histórias.
Lembro de gostar de “gibis” e contos de fadas. Não recordo títulos, mas sei que lia bastante.
Se observarmos nossa realidade atual, perceberemos que o enfoque dado à leitura em nossas escolas é extremamente precário. Sabemos que existem muitos trabalhos interessantes e produtivos, mas também temos uma parcela que por achar que “dá trabalho”, evitam a leitura de livros, enfocando apenas textos avulsos e de paradidáticos.
Se a leitura por vezes é deficiente, a produção escrita acaba por ser também. O que vemos na escola é a escrita pela escrita, produções textuais muitas vezes sem um viés fundamentado, propostas distantes da realidade dos alunos. A abordagem da diversidade de gêneros ainda não é uma constante, e consequentemente registramos alunos desmotivados e com grandes dificuldades para produzirem. Se investigarmos o conhecimento a esse respeito junto aos docentes, perceberemos que, por ser um assunto ainda em estudo, poucos dominam e, por isso, suas dificuldades também são significativas.
Mas, sou otimista. Creio estarmos vivenciando novas expectativas em relação à educação. Se hoje a implantação e revitalização de bibliotecas escolares é uma realidade em conjunto com a formação continuada de docentes, vislumbro novas perspectivas na esfera educacional. A leitura hoje, pouco explorada como já dito anteriormente, tende, até pelas cobranças sociais, a mudar de foco.
E não podemos somente falar de leitura em relação a livros, a própria leitura de mundo, leitura de periódicos, de hipertextos, dentre outras torna-se cada vez mais necessária para a construção de indivíduos letrados. E aqui entra o professor que tem um papel prioritário nessa construção. De nada adianta termos boas escolas, espaços multimídias, bibliotecas equipadas se, à frente disso, não existir um profissional comprometido com o seu crescimento e de cada indivíduo/discente, numa postura de estudioso e mediador do conhecimento, vencendo os obstáculos oriundos das poucas condições que a “educação” atualmente pode oferecer.