sexta-feira, 27 de março de 2009

Lições para a vida...

"Todos nós somos líderes em potencial e, de alguma maneira, procuramos influenciar o comportamento, os pensamentos e os sentimentos dos que estão à nossa volta." Howard Gardner

"Precisamos aprender a nos motivar com o que a realidade nos oferece. Essa é, aliás, uma grande lição de sabedoria: conseguir manter-se motivado em meio à complexidade do dia-a-dia." Contardo Calligaris, psicanalista





Meus primeiros contatos com a escola foram interessantes. Décima filha de uma professora, o lidar com livros e tarefas era uma constante em minha vida. Morava a menos de dez metros da escola e via, diariamente, alunos indo e vindo, fardados, acompanhados de seus professores. Ficava esperando o meu dia. Aos cinco anos, 1977, iniciei minha vida escolar numa classe de pré-escolar. Sala grande, mesas coletivas e cadeiras pequenas, lembro-me que ficava encantada com tudo: tarefas, professora, recreio.
Após esse período, na mesma escola, 1978, começei a ser alfabetizada pelo método – ALFA. Muitos materiais, recursos, aulas interessantes. Principalmente o material de matemática, era riquíssimo. Carteiras individuais e espaçosas – tipo mesinha, com local para guardar, quase tudo. A professora era dócil e nos encantava ao praticamente desenhar as letras no quadro negro. Lembro-me que ficava tentando chegar àquela perfeição. Apesar de hoje esse método ser considerado tradicional, as recordações que tenho de sua aplicação são positivas. Muita leitura, interpretação e atividades lúdicas. Outra recordação é a de ter feito um “bolo de 1 ovo” para a professora que, ao recebê-lo e elogiar minha iniciativa, solicitou que eu dissesse para a turma como tinha sido preparado. Foi um dia especial.
Mesmo sendo o ALFA um método que trabalhava com silabação, creio que a preocupação do próprio método era desenvolver o raciocínio crítico, lógico e dar um grande enfoque à compreensão da leitura, pois a diversidade de atividades realizadas levava-nos a participar como atores de uma significativa parcela do processo.
Como relatado anteriormente, por ser filha de professora e ter muitos irmãos, meu acesso a livros era grande. Meus pais sempre tinham a preocupação de orientar-nos e facilitar esse convívio. Os filhos mais velhos eram praticamente obrigados a fazerem tarefinhas comigo e contar muitas histórias. Como “caçula” da turma, até para que eu ficasse quieta, um ou outro fazia relato de histórias.
Lembro de gostar de “gibis” e contos de fadas. Não recordo títulos, mas sei que lia bastante.
Se observarmos nossa realidade atual, perceberemos que o enfoque dado à leitura em nossas escolas é extremamente precário. Sabemos que existem muitos trabalhos interessantes e produtivos, mas também temos uma parcela que por achar que “dá trabalho”, evitam a leitura de livros, enfocando apenas textos avulsos e de paradidáticos.
Se a leitura por vezes é deficiente, a produção escrita acaba por ser também. O que vemos na escola é a escrita pela escrita, produções textuais muitas vezes sem um viés fundamentado, propostas distantes da realidade dos alunos. A abordagem da diversidade de gêneros ainda não é uma constante, e consequentemente registramos alunos desmotivados e com grandes dificuldades para produzirem. Se investigarmos o conhecimento a esse respeito junto aos docentes, perceberemos que, por ser um assunto ainda em estudo, poucos dominam e, por isso, suas dificuldades também são significativas.
Mas, sou otimista. Creio estarmos vivenciando novas expectativas em relação à educação. Se hoje a implantação e revitalização de bibliotecas escolares é uma realidade em conjunto com a formação continuada de docentes, vislumbro novas perspectivas na esfera educacional. A leitura hoje, pouco explorada como já dito anteriormente, tende, até pelas cobranças sociais, a mudar de foco.
E não podemos somente falar de leitura em relação a livros, a própria leitura de mundo, leitura de periódicos, de hipertextos, dentre outras torna-se cada vez mais necessária para a construção de indivíduos letrados. E aqui entra o professor que tem um papel prioritário nessa construção. De nada adianta termos boas escolas, espaços multimídias, bibliotecas equipadas se, à frente disso, não existir um profissional comprometido com o seu crescimento e de cada indivíduo/discente, numa postura de estudioso e mediador do conhecimento, vencendo os obstáculos oriundos das poucas condições que a “educação” atualmente pode oferecer.

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